
Lindo. Lindo.
Chorei que nem criança, como imaginava – e o Diego tinha dito – que eu faria. Não tem como não chorar, ao menos pra uma manteiga derretida que nem eu. Extremamente fiel ao filme, as falas, os cenários, tudo. Muito bom.
Tô com MUITO sono. Achei que por o filme começar 22:00 ia acabar por volta de meia noite, meia noite e meia.. ledo engano, acabou 01:47, eu já tava babaaaaaaando de sono... Hoje não sei que hora durmo, muito menos amanhã. Acho que domingo, assim que deixar minha mãe na rodoviária, vou pra casa e desabo na cama.
Falando na minha mãe, chega hoje à tarde. Minha tia me ligou, dizendo que ela tá muito deprimida, e sei lá o quê, e que tudo que se fala ela leva a mal... e dona Ivone continua sustentando que NUNCA disse “a casa é minha, não tá satisfeita, vá embora”. Eu acho que o álcool afeta os neurônios da memória de forma seletiva... Eu falei na lata com ela (cês me conhecem, eu não mudo de roupa pra falar verdades pros outros) “Falou sim. E olha que eu não sou de tomar partido de ninguém, vcs que são brancas que se entendam. Mas que vc falou, isso falou”. E esse tipo de coisa DÓI. Dói pq eu já ouvi algumas vezes. É nessas horas que eu penso no lance da tartaruga marinha...
Quanto à questão das tatuagens... bem, andei pensando, foda-se se ela falar alguma coisa, eu já sou grandinha o suficiente pra decidir o que quero fazer da minha vida né? E de mais a mais o corpo é meu. E se ela vier com aquele papo clássico de “tatuagem é coisa de marginal, de drogado, etc etc etc” eu vou dar a ela a mesma resposta que a Claudia deu pra avó dela: eu mudei meu jeito de ser desde que fiz a tatto???
E Di: minha mãe com tatuagem entraria bem naquelas charges de “Cenas Impossíveis”.
Ando ruminando umas idéias sobre uma frase que me veio na cabeça outro dia, quanto eu tava esperando o pessoal na frente do Municipal (rimou!). Quando terminar de esclarecê-las eu coloco aqui.
Vamos ao conto... tá quase acabando... acho que só vou publicar a parte final na segunda, pra deixar vcs na vontade, no fim de semana... :evil:
APENAS MAIS 24 HORAS – Parte V
“Achei que fosse enlouquecer de dor. Só quem perde um filho que sabe a dor que se sente. É como se estivessem enterrando um pedaço do meu coração junto com ele. Minha filha e meus companheiros me apoiaram muito no velório e no enterro. Entrar em casa depois foi horrível, ir ao quarto dele e pensar que ele não voltava mais. Eu não sabia o que fazer. Foi Fernanda quem me ajudou a juntar as roupas dele e doar para uma instituição, levar os livros para uma biblioteca, mudar a conformação dos móveis... ela sabia que se não me ajudasse, eu não teria força para fazer nada. Eu só não permiti que ela mexesse na parede do quarto onde eu havia permitido que ele escrevesse e pintasse. Era o cantinho dele. Quando Fernanda ia para a faculdade, eu me sentava e ficava horas olhando para aquela parede. Parecia que a dor não pararia nunca. Eu não entendia. Por que meu filho e não eu? Por que justo com o meu filho? Confesso que quase sucumbi á tentação da bebida naquela fase, mas comecei a frequentar reuniões todos os dias da semana e passou.
Isso foi em abril. Em agosto, outra bomba. Fernanda tinha conseguido uma bolsa de estudos para uma faculdade na Austrália, e passaria um ano lá com o namorado. Partia no mês seguinte. Parecia preocupada comigo, a toda hora me perguntava se eu ia ficar bem, se eu ia aguentar a barra. Eu dizia que sim, me fazia de forte. Não podia privar minha filha de uma oportunidade dessas.
No dia em que a deixei no aeroporto, foi-se mais um pedaço do meu coração. Pensei que se isso continuasse, não sobraria nada.
Agora éramos só Alberto e eu. E se eu pensei que isso ajudaria em alguma coisa nosso relacionamento, muito me enganei. No primeiro dia eu descobri que ele só era ligeiramente polido comigo pra manter as aparências. Assim que ficamos só os dois toda a polidez, educação e gentileza dele foram para o espaço. Discutimos e ele foi dormir no antigo quarto de Marcelo, agora transformado em sala de TV e som. Foi quando percebi que não tinha mais salvação.
Pensei em voltar a frequentar reuniões todos os dias, mas não adiantava fugir. Mas ao mesmo tempo eu não conseguia juntar coragem para conversar francamente com Alberto. Mas assim que dezembro começou, eu cheguei à conclusão que o ano que iria começar seria completamente diferente. Seria sem meus filhos, e por mim mesma. E fiz Alberto colocar as cartas na mesa. Sim, nosso casamento tinha morrido. Sim, ele não me amava mais. Não, ele não queria tentar de novo. Sim, ele tinha outra pessoa. Sim, eu queria o divórcio. Acho que ele esperou esse tempo todo para que eu pedisse, para não sentir o peso de ter sido ele a terminar o casamento. Por que será que algumas pessoas simplesmente não conseguem assumir e tomar decisões difíceis?
Duas semanas antes do Natal ele saiu de casa, dizendo que arrumaria um lugar para morar e viria buscar as coisas. Afirmou que eu ficaria com o apartamento, ele só queria os objetos pessoais. E foi-se. Simplesmente saiu da minha vida.
Imaginem o estado em que eu fiquei na semana do Natal. Um casamento desfeito, um filho morto e uma filha do outro lado do mundo. Não fiz decoração, não fiz ceia, não fiz nada. Se Marilda ainda estivesse viva, eu teria convidado-a para minha casa, minha relação com ela era boa independentemente de Alberto. Mas ela morrera de infarto dois anos antes.
No dia 24 me ocupei limpando a casa e comprando mantimentos. À noite, fui a uma reunião, cheguei em casa, tomei um chá de camomila e consegui dormir. Era do dia seguinte que eu tinha medo.”
Postado Por:
Laurelin Corsets às 4/29/2005 10:33:00 AM