Habemus Macbeth!!Ontem fui ver a pré estréia (segundo o Kabral, ensaio geral) da ópera Macbeth, de Verdi, no Theatro Municipal. Tou babando até agora com o ambiente do teatro. CARALHO, LÁ DENTRO É LINDO, MAIS LINDO DO QUE DO LADO DE FORA!!! Achei a ópera fabulosa também, principalmente a dança da Hécate e as partes em que o coro cantava todo junto. Isso não é surpresa, levando-se em consideração o tanto que eu gosto de canto coral. Pena que não tenho paciência pra participar.
Ontem eu tava ZEN: zen saco, zen paciência, zen tempo pra escrever... hoje já tou mais animada, ficou decidido que minha mãe vem pra cá... esse fim de semana. Chega amanhã, por volta das 14:00, e vai embora no domingo à noite. Poderemos colocar as fofocas em dia... só não quero que fiquemos deprimidas... cada uma se deprimir separada é uma coisa, as duas juntas não vai dar certo.
Eu só tou com um problema: os quilos de merda que vou ouvir por causa das tatuagens, pq vai ser impossível conviver dois dias e meio com minha mãe e ela não ver nenhuma das duas. Bom, já tou com 25 anos, tá na hora de parar de ter medo da mamãe né? (Eduardo, dispenso comentários nesse quesito).
Essa notícia me animou e tranquilizou um pouco. Não ando bem emocionalmente. Acho que é bem o que o Eduardo falou, eu sou muito forte com coisas sérias e desabo com bobagem. Talvez porque eu saiba que não é bom desabar na hora que se precisa ser forte. Sei lá, só sei que ser forte o tempo todo cansa.
E eu tou com fome e quero sair pra almoçar.
E eu tou caindo de sono, preciso dormir urgente.
E lá vai a quarta parte do conto pq tou com preguiça de escrever mais.
APENAS MAIS 24 HORAS – parte IV
“Se o chamado “Primeiro Passo de A.A.”, que é a admissão perante nós mesmos de que somos impotentes perante o álcool, é difícil, mais difícil ainda é admitir perante os outros. No domingo convoquei uma reunião em família para falar do que tinha feito. Foi duro. Admitir para meu marido e meus filhos que eu não era dona da minha própria vida, que um vício era mais forte do que eu e que eu precisaria lutar cada dia contra ele, e precisaria da ajuda de todos, talvez tenha sido uma das coisas mais difíceis que já fiz. Fernanda chorou muito e me abraçou, Marcelo só me olhava e Alberto disse que era sandice, que eu não precisava daquilo, que eu precisava era de remédio, que um bando de bêbados não ia ajudar a me curar. Ele estava errado. Primeiro, porque não somos bêbados, muito pelo contrário. Somos – ou melhor, estamos abstêmios. Segundo, porque foram realmente eles que me salvaram.
Não vou dizer que os primeiros dias, as primeiras 24 horas, foram fáceis, porque não foram. O barzinho tentador estava sempre ali. Consegui jogar fora as minhas garrafas escondidas, mas naquelas eu não mexia. Mesmo porque Alberto disse que não ia mover uma palha, aquilo era um conforto para ele e os amigos, se eu tinha decidido parar de beber teria que ser forte, independente das circunstâncias. E não é que levei aquilo ao pé da letra? Á minha determinação de me manter sóbria pelas próximas 24 horas, um mantra que recitava toda manhã, juntei a determinação de não deixar a bebida dentro da minha casa me afetar. Foi dose. Muitas vezes eu chegava da reunião e via Alberto com algum amigo e os copos de whisky na mesinha de centro. Sentia o gosto da bebida em minha boca, era horrivelmente tentador. Então eu ia para o quarto e telefonava para alguém do grupo. Creio que tomei o tempo de todos os companheiros que conhecia, nesse início, mas foram eles que me ajudaram a não deixar a peteca cair.
Com o tempo passando, as coisas melhoraram. Minha relação com meus filhos mudou bastante, agora eles tinham uma mãe que podia se inteirar da vida deles, não andava o dia todo pelo apartamento bêbada ou dopada. Foi aí que me dei conta do quanto da vida deles tinha perdido com minha bebedeira. Chorei muito ao falar na cabeceira de mesa no grupo, certa noite, quando contei isso.
Na minha primeira vitória, minha troca de ficha de 3 meses, Fernanda foi comigo. Maria José pediu que ela me entregasse a fichinha azul. Nós três chorávamos como crianças, foi muito emocionante. Três meses, sabem o que é isso? Três meses sem beber, para quem não conseguia passar uma hora?
E o tempo foi passando e fiz três anos, finalmente. Outra vitória. Já estava mais por dentro da filosofia e do funcionamento de A.A. e comecei a fazer trabalho voluntário de plantão nas centrais, abordagens, venda de literatura... queria ajudar quem tanto tinha me ajudado. Alberto, apesar de ver meu sucesso, continuava descrente e não me dava força. Nosso casamento já tinha morrido, só faltava cair de vez. Mas eu, com minha fonte de esperança renovada, tentava salvá-lo. Tentava refazer o que tínhamos tido antes. É engraçado, por que será que o ser humano teima em querer que as coisas sejam como eram antes, e não aceita que elas possam ser simplesmente melhores?
Só que não foram tão melhores para mim nessa época. No geral, minha família estava bem. Fernanda, com 21 anos, fazia faculdade, curso de línguas e namorava um menino muito bom e ajuizado, e Marcelo, com 18, tinha passado no vestibular e começava o primeiro ano, e ia a todas as festas de turma, calouradas, formaturas, encontros... estava me saindo um festeiro de marca maior. Alberto tinha diminuído o ritmo de trabalho e ficava mais em casa, o que me permitia tentar renovar as coisas entre a gente - sem muito sucesso.
Foi quando as coisas começaram a desmoronar. Uma madrugada, Marcelo tinha saído para uma festa na casa de amigos. No meio da madrugada o telefone toca. Imaginei que fosse ele pedindo para eu ou o pai buscarmos, mas ele não tinha dito que viria de carona? Alberto atendeu e rapidamente sentou-se na cama. Ouviu o que a pessoa do outro lado da linha dizia e olhou para mim. Eu sabia que havia algo errado.
O amigo de Marcelo tinha batido e capotado o carro. Dos quatro integrantes, três saíram com arranhões leves. Apenas com um o caso foi mais grave. Com Marcelo. Meu
filho morreu nesse acidente.”(Continua no próximo post)
Postado Por:
Laurelin Corsets às 4/28/2005 12:34:00 PM